A CALUNGA GRANDE


O termo "Calunga" é de origem Bantu...

E tradicionalmente faz referência à morada dos mortos...

Ou mais comumente, ao Cemitério...

Assim, sempre que nos referimos à Calunga...

Estamos nos referindo ao Campo Santo, o Cemitério...

O local os despojos carnais são depositados...

No entanto, essa palavra assumiu uma outra dimensão...

Ao serem capturados (ou ao ver seus irmãos sendo feitos cativos)...

E colocados em navios negreiros...

Os Africanos passaram a ver o mar como um Grande Cemitério...

Já que a viagem rumo à escravidão representava uma espécie de morte em vida...

E ainda outra questão a ser abordada...

Já de muito tempo nas navegações...

Os marujos que morriam eram jogados ao mar...

Para os negros africanos era como se o mar levasse embora tudo que lhes era precioso:

Os costumes, a crença, a dignidade, o convívio com os entes queridos...

E, principalmente a liberdade...

E nestas viagens cativa de navios, muitos negros morriam e eram jogados no mar...

Dessa forma, o mar passou a ser encarado como uma Grande Calunga...

Ou seja, como um grande Cemitério...

Assim surgem dois novos verbetes no vocabulário do negro...

E que viriam integrar o dialeto das Religiões de Matiz Africana:

A Calunga Grande (o mar) e a Calunga Pequena (o cemitério propriamente dito)...

Há um aparente paradoxo na utilização desse termo para se referir ao mar...

Afinal não é ele um dos reinos dos Orixás?

Não seria o mar a origem da vida?

Então como relacioná-lo à morte?

Não esqueçamos que a morte (iku em yorubá) não representa o fim, e sim uma transformação...

Não esqueçamos também que Omulú, o Orixá da cura...

Mas também da morte (no sentido de transformação, não de fim)...

E Yemanjá, a rainha do mar, o princípio e a origem da vida, da maternidade, da concepção...

O que parece ser um paradoxo é na verdade, a explicação para essa questão...

Ao mesmo tempo em que o mar representava a morte aos cativos...

Representava também um renascimento no Brasil...

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